MOITA FLORES, O DEFENSOR DE TOURADAS!

O autarca de uma das cidades portuguesas mais ligadas às corridas de touros anuncia a criação de uma associação de municípios, com Espanha e França, para a defesa da tauromaquia.

O presidente da Câmara de Santarém é o primeiro subscritor de uma petição "em defesa da Festa Brava" onde pretende recolher 100 mil assinaturas até Julho de 2011 para demonstrar a sensibilidade do povo português relativamente à tauromaquia. A petição já disponível na Internet conta com algumas centenas de signatários que decerto não ultrapassarão o número cada vez maior de pessoas civilizadas que se opõem a esse espectáculo sangrento e violento que há muito devia ter acabado e que a própria UNESCO condena.

Moita Flores sustenta suas ideias de velho aficionado dizendo que é "um combate pela cidadania e pelos direitos da Terra para que ninguém se amedronte perante a gritaria histérica de alguns", referindo-se aos cidadãos anti-touradas como eu.

Confesso que este senhor me decepcionou bastante, pois até o apreciava bastante pelas suas conversas interessantes na radio e na televisão, porém baixou de nível intelectual e cultural ao ser defensor de um espectáculo medieval onde se inflige dor e tortura a animais encurralados nas arenas onde se passam ignóbeis e tristes cenas. Mas não me admira que o senhor alcaide de Santarém defenda os interesses da sua região e pretenda também ser o rosto de uma 'Associação' procurando protagonismo à sombra da Tauromaquia que o próprio Padre Vitor Malicias (um pseudo franciscano) também aprecia.

Creio que está na altura dos portugueses mostrarem mesmo o que pensam desses espectáculos violentos que deviam ser abolidos completamente no território português à semelhanlça do que já aconteceu em Espanha, na Catalunha, onde se proibiram definitivamente as touradas em Julho de 2010.

Defendo mesmo um Referendo Nacional sobre o assunto com debates públicos na televisão em que se dê voz às organizações defensoras dos Direitos dos Animais para que haja maior consciência civilizacional em Portugal como país que integra o espaço europeu e se crie uma petição nacional contra as pretensões do ‘criminalista’ Moita Flores que está mostrando uma outra face por muitos desconhecida, pois nem admite que haja pessoas que se manifestem livremente contra as Touradas no país e até as considere gente que “grita o folclore do politicamente correcto e giro”, como se nada mais fosse do que isso, classificando de "hipocrisia" as posições tomadas pelos que defendem a proibição das actividades tauromáquicas.

O autarca diz ainda que resolveu lançar esta iniciativa "em defesa dos animais, dos touros, dos cavalos, dos pastores e dos campinos, da economia agrícola e animal associada à festa e ao espectáculo, em nome do progresso com memória, em nome do desenvolvimento sem perder o sentido da História".

Em resposta, a presidente da associação ANIMAL, Rita Silva, considera que Moita Flores "está a confundir um gosto pessoal com a vontade dos portugueses" e caracterizou a petição como "uma vergonha" para quem até aqui demonstrava ter algum prestígio.

Por mim perdeu todo o que tinha pela forma como pensa e justifica suas posições na defesa de interesses que nada têm a ver com ‘progresso e desenvolvimento’ num país onde os Direitos dos Animais não são respeitados e não há ainda sobre isso uma verdadeira cultura de princípicos éticos universais acima de interesses pessoais.

Para concluir, deixo aqui uma Declaração da UNESCO em 1980 que diz sobre as touradas o seguinte:

"A Tauromaquia é a terrível e venal arte de torturar e matar animais em público, segundo determinadas regras. Traumatiza as crianças e adultos sensíveis. A tourada agrava o estado dos neuróticos atraidos por estes espectáculos. Desnaturaliza a relação entre o homem e o animal, afronta a moral, a educação, a ciência e a cultura"...

Penso que Moita Flores não concordará decerto com esta designação mas eu subscrevo totalmente.

Pausa para reflexão!

Rui Palmela