Realizou-se em Macedo de Cavaleiros (norte de Portugal), a X Feira de Caça e a XII Festa dos Caçadores que constituem um enorme exército bem maior do que os soldados das forças armadas do meu país.
Constato também com alguma tristeza o aumento do número de mulheres caçadoras que visitam estes espaços onde adquirem armas e outros objectos que fazem parte da grande industria da matança de animais vítimas do ser dito ‘racional’ e ‘inteligente’ que ainda pouco evoluiu humana e verdadeiramente.
Muitos até acham normal matar qualquer animal, mesmo que por desporto ou divertimento. Não têm qualquer sensibilidade em seu coração quando apontam sua arma desferindo o tiro certeiro ao ser que vivo que tomba morto pelo chão.
E ficam todos felizes ‘convivendo’ desse modo contando o número de aves abatidas ou os coelhos e javalis, exibindo com grande orgulho seus troféus de ‘bons’ caçadores fazendo tiro ao alvo em criaturas inocentes que jazem sem vida e vão servir de repasto ao homem que ainda faz uma desumana alimentação.
Sobre isto se pronunciaram almas de escol com quem deveriam aprender o ABC da vida e respeitar a existência de todos os seres da Criação. “Vive e deixa viver” é o lema defendido hoje cada vez mais por milhões de pessoas que desejam um mundo melhor, com mais verdade e mais amor.
Jamais haverá paz na Terra e no coração dos seres humanos enquanto continuarem em guerra com a Natureza e dizimarem sem dó nem piedade os animais que fazem, tal como nós, o percurso de sua evolução e sentem dor, medo, fome, frio, e deviam ser respeitados em sua condição.
Fica aqui este ‘toque’ na consciência...
Pausa para reflexão!
Rui Palmela
Habitualmente denominamos vira-latas os cães sem dono que vagam pelos centros urbanos em busca de alimento, e que, no afã de conseguiram algo para se alimentarem, costumam virar latas de lixo. Na verdade, o vira-latas é muito mais que um cão abandonado, é um sobrevivente. É o animal que os veterinários costumam classificar como SRD – Sem Raça Definida – mas que possui o melhor aparato genético para sobrevivência, sob quaisquer condições. Desde que o homem paleolítico domesticou o lobo asiático, procurou desenvolver nos descendentes obtidos a partir das matrizes lupinas, características ou qualidades tais que cumprissem certos requisitos, desenvolveu as centenas de raças que conhecemos hoje. Só que, em troca desses atributos úteis aos humanos, as raças “depuradas” a partir da espécie original deixaram para trás outras virtudes que as tornaram menos aptas, provando que em seleção genética artificial não existe almoço grátis. Isso quer dizer que um cão de caça não é necessariamente tão inteligente quanto SRD, por exemplo; tampouco um cachorro desenvolvido para guardar ovelhas ou propriedades deverá ter a mesma resistência a doenças que o SRD, também. Uma pesquisa realizada numa universidade da Escócia, utilizando inclusive testes de QI, concluiu que cachorros vira-latas são mais inteligentes que aqueles que têm pedigree, segundo publicação da BBC Brasil em seu saite. O estudo utilizou 80 cachorros. De acordo com os cientistas, os vira-latas apresentam melhor noção de espaço e resolvem problemas com mais facilidade do que os cães de raça. A mistura genética que a natureza levou milhões de anos para desenvolver dotou os animais de aptidão para viver e multiplicar-se sob as condições mais adversas. Enquanto os cães de raça pura foram selecionados por suas qualidades, geralmente, de beleza, porte, grau de agressividade, pelagem ou outros. Genes de herança autossômica recessiva que não favoreçam a inteligência podem, perfeitamente, estar causando um "efeito fundador" nesses cães. Há indícios que cães descendentes de misturas caóticas de raças, ou seja, SDRs com genes vindos de várias raças, vira-latas bem definidos como tais, tenham ainda tais capacidades mais desenvolvidas. O vira-latas prefere e sabe fazer escolhas ele mesmo, normalmente é ele que adota o dono. Sem árvore genealógica a lhe conferir nobreza, atravessa a rua sozinho, depois de olhar para ambos os lados, coisa que o homem com toda sua inteligência e empáfia nem sempre faz. Há, sem dúvida, mais dignidade em um vira-latas urbano na sua independência e auto-suficiência, que em um dálmata numa exposição canina, ou um poodle no colo da madame. Os inconvenientes da sarna, da exposição a microorganismos perversos, da fome, dos atropelamentos, das pedradas e de dormir ao relento dão fibra à sua alma e rigidez ao seu corpo, quase sempre “sarado”. O vira-latas nos ensina a sermos felizes com pouco. Mesmo quem não tem nada pode ter um cão de rua, desde que ele queira. Mendigos e loucos conversam com um vira-latas de igual para igual, e este lhes lambe as mãos. Se repararmos a chusma de cães atrás de uma única cadela, podemos ver a seleção natural em plena atuação. Linhagens inteiras de vira-latas foram concebidas e fundadas em madrugadas silenciosas das urbes de todo o planeta. Vira-latas existem aos montes pelas ruas, contudo, nenhum igual ao outro. Parecidos quase sempre, iguais nunca. Em sua mixórdia genética, ele é antes de tudo um forte. Nunca foi vacinado ou precisou de qualquer auxílio veterinário para sobreviver. Quando perguntam por aí: se você fosse um bicho qual seria? A maioria responde coisas como cavalo puro sangue, pantera, leopardo ou faisão, animais bonitos e considerados nobres. Eu também me fiz essa pergunta e cheguei à resposta que me satisfaz plenamente: gostaria de ser um vira-latas. Dos mais comuns, tamanho médio e sem cor definida.
ResponderEliminarO que é que toda essa dissertação tem a ver com o principal tema 'festa da caça' e a crueldade dos caçadores caro Jair Lopes? Acaso você é apologista de que eles matem tantos animais pacíficos e indefesos e ainda por cima abandonem seus cães quando estes se tornam 'inúteis' em localizá-los ou apanharem suas vítimas?
ResponderEliminarSinceramente não percebi bem o propósito dessa sua dissertação sobre o tema.