sábado, 14 de julho de 2018

A FESTA DE BARRANCOS EM "HONRA DE Nª SRª DA CONCEIÇÃO"



Barrancos é uma vila alentejana  onde existe uma tradição centenária sanguinária de matar toiros numa festa religiosa que se realiza ali todos os anos no mês de Agosto "em honra de Nª Srª da Conceição", numa arena improvisada frente à Capela onde se reza e donde sai a procissão, tudo terminando numa diabólica diversão. E a Igreja Católica não se pronuncia cometendo também seu “pecado de omissão”.

No entanto há uma bula papal que condena estes espectáculos bárbaros violentos que diz o seguinte:
 
(...) "Considerando que estes espectáculos que incluem touros e feras no circo ou na praça pública não têm nada a ver com a piedade e a caridade cristã, e querendo abolir estes vergonhosos e sangrentos espectáculos, não de homens, mas do demónio, e tendo em conta a salvação das almas na medida das nossas possibilidades com a ajuda de Deus, proibimos terminantemente por esta nossa constituição a celebração destes espectáculos" ... (in "Bullarum Diplomatum et Privilegiorum Sanctorum Romanorum Pontificum Taurinensis editio", tomo VII, Augustae Taurinorum, 1862, pág. 630-631.)

Portugal já foi um país sem touradas no Reinado de D. Maria II, quando o ministro Passos Manuel promulgou um Decreto (publicado no Diário do Governo nº 229, de 1836) proibindo estes espectáculos em todo o país, onde se lia o seguinte:

“Considerando que as corridas de touros são um divertimento bárbaro e impróprio de Nações civilizadas, bem assim que semelhantes espectáculos servem unicamente para habituar os homens ao crime e à ferocidade, e desejando eu remover todas as causas que possam impedir ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa, hei por bem decretar que de hora em diante fiquem proibidas em todo o Reino as corridas de touros.”

Porém, as touradas voltaram com a Republica e se mantêm até hoje com a "Democracia" com partidos de direita à esquerda a apoiarem sua realização e a chumbarem propostas de sua abolição. Há mesmo figuras públicas bem conhecidas que defendem a tradição barranquenha dos toiros de morte e passo a citar algumas de suas frases que merecem repulsa ou reprovação. Aqui ficam:
 
Nuno da Câmara Pereira (fadista): "eu estou aqui em Barrancos com os cornos para o ar a apoiar a causa barranquenha, dos touros de morte, tradição que dura à séculos".

Moita Flores (investigador, criminologista), dizia sobre uma certa providência calcular da Associação ANIMAL que visava travar o espectáculo dos toiros de morte, e se pronunciou assim: "O juiz que decretou a providência não sabe o que escreve, não sabe o que diz , pela simples razão que não conhece o que se passa em Barrancos, possivelmente nem sabe onde fica". Diário de Noticías 23/8/99.

Mafalda Ganhão (jornalista): " Na corrida de morte por exemplo, o touro não é picado para ser destroçado ou humilhado. É sangrado para que descongestione e possa vir ao de cima a sua bravura, corrigindo-lhe alguns defeitos, como a sua forma de investida". Expresso 28/8/99

Miguel Sousa Tavares (jornalista e comentador tv): "O que eu defendo em Barrancos é a sobrevivência de uma cultura própria e enraizada localmente e que tenta resistir em face de investidas do pensamento "moderno", "jovem" e "civilizado", de uma elite urbana e arrogantemente convencida da sua suposta superioridade civilizacional". Público 3/9/99.

Cónego Eduardo de Melo Peixoto (sacerdote já falecido): " O espectáculo das corridas à antiga portuguesa, o toureio a cavalo e a pé e os "forcados" como prova de valentia , de coragem e mesmo de arte e sem a morte do touro na arena, aceito-o como aceito a caça e o tiro aos pombos". Público 18/8/98.

E por fim o Padre Vitor Milicias, é um pseudo 'franciscano' que devia envergonhar-se pelo seu apreço de touradas que nada tem a ver com a doutrina de S. Franscisco de Assis que condena qualquer acto de violência e tortura contra qualquer animal.

Rui M. Palmela

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